tag:blogger.com,1999:blog-5369908344508171968.post6965733217727153610..comments2014-01-07T11:46:52.506-08:00Comments on Juliana Veras: Vento do OesteJuliana Verashttp://www.blogger.com/profile/13410196330756668749noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-5369908344508171968.post-78110537850869239502014-01-07T11:46:52.506-08:002014-01-07T11:46:52.506-08:00ODE AO VENTO OCIDENTAL
Percy Bysshe SHELLEY
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Oh,...ODE AO VENTO OCIDENTAL<br />Percy Bysshe SHELLEY<br /><br />1<br />Oh, Vento Ocidental selvagem, exalas dos seres do outono o cheiro,<br />De tua presença invisível, as folhas mortas<br />Lançadas são tal como fantasmas fugindo de um mágico.<br />Multidões delas de peste acometidas !<br />Amarelas, pretas, pálidas e sanguíneas! Ó tu<br />Que, em carruagens, te transportas ao seu sombrio canteiro de inverno<br />As sementes aladas, nas quais jazem frias e miúdas<br />Cada qual como um cadáver na sua cova, até que<br />Tua azul-celeste irmã da Primavera toque<br />O seu clarim sobre a terra em sonhos, e encha de<br />Pressurosos suaves rebentos iguais a flores povoando o ar,<br />Nas planícies e colinas, com cores e odores vivos.<br />Espírito selvagem que por toda a parte se move;<br />Destruidor e preservador: escuta, oh, escuta!<br /><br />2<br />Tu, em cuja corrente, em meio à íngreme convulsão do firmamento,<br />Onde, como folhas murchas da terra, nuvens dispersas se derramam<br />Galhos emaranhados do céu e oceano sacudiste,<br />Anjos da chuva e dos raios! Aí espraiados<br />Sobre a superfície azul de teu vagalhão etéreo<br />Qual brilhantes cabelos levantados<br />De alguma terrível Bacante, que vão da fina borda do<br />Horizonte às alturas do zênite,<br />As madeixas da tempestade que se avizinha. Nênias entoas<br />Ao ano que se despede, para o qual esta noite se acaba<br />Será a cúpula de um vasto sepulcro<br />Construído com todo o teu poder concentrado<br /> De vapores, de cuja sólida atmosfera<br />Chuva negra, e fogo e granizo arrebentar-se-ão: Escuta!<br /><br />3<br />Tu que de fato acordaste de seus sonhos de verão,<br />O azul Mediterrâneo, onde jazia,<br />Acalentado pelo azul espiralado de suas correntes cristalinas,<br />Junto a uma ilha de pedra-pome na baía Baiae,<br />Viste adormecidos vetustos palácios e torres<br />Agitando-se num dia mais intenso de ondas,<br />Invasão completa de musgos e flores azuis<br />Tão suaves que os sentidos não conseguem pintá-las! Tu<br />Por cujo caminho as forças do nível do Atlântico<br />Abrem-se em abismos, enquanto, bem no fundo,<br />As florações marinhas e as florestas lodosas, que destroem<br />A folhagem seca dos oceanos,<br />Se agitam e se anulam, conheces<br />Tua voz e súbito te tornas medroso: Escuta!<br /><br />4<br />Ah, fosse eu uma folha morta que pudesses segurar,<br />Ah, fosse eu uma nuvem veloz para contigo:voar<br />Uma onda suspirando por sob teu poder e extirpar<br />O impulso da tua força, só que menos livre<br />Do que tu, ó incontrolável! Se pelo menos<br />Ainda estivesse na minha infância e pudesse ser<br />O companheiro de tuas andanças nos céus<br />Pois então, quando fosse para superar tua velocidade celeste<br />Mal pareceria uma visão, – Nunca teria eu feito tanto esforço<br />Quanto assim contigo em prece nas horas de dolorida necessidade.<br />Oh! ergue-me como se uma onda fosse, uma folha, uma nuvem!<br />Caio sobre os espinhos da vida! Sangro!<br />Um fardo enorme de horas acorrentou-me e me oprimiu<br />Alguém também como tu – rebelde, dinâmico e orgulhoso.<br /><br />5<br />De mim fazes a tua lira, igual assim à floresta:<br />O que ocorreria se minhas folhas com as dela caíssem!<br />A desordem das tuas poderosas harmonias<br />Um profundo tom outonal retirarão de ambos,<br />Suave embora triste. Sê tu, Espírito selvagem,<br />Meu espírito! Fazes de ti o meu ser, impetuoso espírito!<br />Conduze meus pensamentos mortos através do universo,<br />À semelhança da folhas murchas, a fim de um novo nascimento apressar;<br />E, pela magia destes versos,<br />Difundir, como se viessem de uma lareira sempre ardente,<br />Cinzas e centelhas, minhas palavras à humanidade<br />Através de minha boca para uma terra adormecida<br />Sê tu, ó vento, a trombeta de uma profecia!<br />Com o retorno do inverno, não poderia a primavera logo sucedê-lo?<br /><br />- Percy Bysshe Shelley<br />(Tradução de Cunha e Silva Filho)<br />Juliana Verashttps://www.blogger.com/profile/13410196330756668749noreply@blogger.com